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#02 - Novidades Médicas
O Jornal P12 foi criado por estudantes de medicina com um propósito simples: manter você sempre atualizado. Toda semana, trazemos 12 novidades médicas essenciais para quem não quer perder o ritmo da evolução na medicina. Informação rápida, confiável e direto ao ponto.

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Bom dia!
Estamos cada vez mais condicionados a reagir no automático — curtimos, clicamos, respondemos sem nem perceber. A urgência do agora domina nossas escolhas. Mas talvez o verdadeiro poder esteja em desacelerar, respirar e retomar o controle do próprio impulso. Porque refletir antes de agir, hoje, é um gesto revolucionário.
NA EDIÇÃO DE HOJE - ESPECIAL MEDICINA
#01 – Impulsividade e o mito do “Just Do It”
#02 – Guerra Comercial EUA x China: Tarifas Disparam e Ameaçam a Cadeia Global de Medicamentos
#03 – Como a Acupuntura Pode Ajudar no Controle da Impulsividade
#04 – Inteligência cognitiva e desempenho em provas
#05 – Repetição espaçada e memorização eficiente
#06 – Maturidade emocional e pedir ajuda
#07 – Garrafas reutilizáveis e riscos invisíveis
#08 – Creatina: mitos e evidências científicas
#09 – Cirurgias com realidade mista no SUS
#10 – “Vasinhos” e sinais vasculares na pele
#11 – Impacto do Ozempic e Moujaro na saúde mental
#12 – Mitos e Verdades sobre o sono na vida adulta
Na edição de hoje, vamos mergulhar na impulsividade — entender como ela molda nossas decisões, o que o cérebro tem a ver com isso e por que, às vezes, parece tão difícil frear o automático.
Para aprofundar ainda mais essa reflexão, indicamos uma escuta essencial:

#01 - “Just Do It” ou “Just Burn Out”?
Você provavelmente já viu alguém com a camiseta estampada com a frase "Just Do It" — slogan icônico da Nike que, ao longo das últimas décadas, se consolidou como um mantra motivacional para atletas e entusiastas da produtividade.
Mas, e se olharmos por um outro ângulo?
Seria mesmo “só fazer”?
Especialmente quando falamos da rotina de um estudante de medicina?
Na edição anterior, falamos sobre David Goggins, ex-Navy SEAL que ficou mundialmente conhecido por seus feitos extremos, como correr ultramaratonas mesmo com fraturas e ignorar o próprio limite físico. Seu conteúdo inspira milhões, com frases como “Stay hard” e “Get after it”, promovendo uma cultura de alta performance, disciplina implacável e zero espaço para desculpas.
No entanto, quando olhamos para os números crescentes de depressão, ansiedade, burnout e ideação suicida entre estudantes da área da saúde, uma pergunta se impõe:
Será que esse discurso está salvando ou adoecendo?
O problema não está na disciplina, na superação ou na força de vontade — valores fundamentais na formação médica. Mas sim no uso irrefletido e generalizado de ideais como esses, sem levar em conta a subjetividade de cada indivíduo, seu contexto, saúde mental e limites reais.
Quando o “Just Do It” se transforma em um imperativo absoluto, ele pode:
Normalizar jornadas exaustivas como virtudes morais;
Reduzir o descanso a fraqueza;
Romantizar a autonegligência;
Apagar personalidades singulares em nome de um modelo idealizado.
Ciência por trás do esgotamento
Um artigo de grande impacto publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) intitulado “Prevalence of Burnout Among Physicians: A Systematic Review” (Rotenstein et al., 2018) revelou que:
Mais de 50% dos médicos relatam sintomas de burnout em algum momento de sua formação ou prática profissional.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde reconheceu o burnout como um fenômeno ocupacional desde 2019, com ênfase no ambiente de trabalho cronicamente estressante como causa primária.
Esses dados mostram que o discurso da superação constante precisa ser ressignificado, especialmente no ambiente médico, onde as cobranças externas se somam às internas, e onde a comparação vira um ciclo vicioso.
A cultura da comparação e a perda da autenticidade
Redes sociais transformaram o “Just Do It” em um estilo de vida performático. Vemos estudantes postando rotinas de estudos de 14 horas por dia, conquistas acadêmicas, aprovações em concursos. E mesmo quando feito com boas intenções, isso pode desencadear um efeito colateral: a comparação extrema.
Com o tempo, criam-se modelos irreais, e os estudantes começam a negligenciar suas individualidades, seus próprios ritmos e modos de aprender.
O que era pra ser produtividade vira impulsividade: fazer tudo, o tempo todo, sem pausa, sem filtro, sem escuta interna.
Conclusão (e convite à reflexão)
Ao longo desta edição da newsletter, vamos discutir como esse “Just Do It” moderno, ao invés de libertar, pode aprisionar — especialmente na formação médica. Vamos analisar como recuperar a autenticidade, a consciência emocional, e o respeito pelo próprio processo pode ser, sim, o caminho mais inteligente (e saudável) para a excelência.
Nem tudo que brilha é produtividade.
Às vezes, parar, respirar e olhar para dentro também é um ato revolucionário.
Notícia escrita por Luiz.E.Freire, estudante de Medicina da PUC-GO

#02 - Guerra Comercial EUA x China: Tarifas Disparam e Ameaçam a Cadeia Global de Medicamentos
Em apenas 10 dias, um muro tarifário foi erguido entre as duas maiores economias do mundo. A escalada já impacta o setor médico, encarecendo medicamentos, insumos hospitalares e ameaçando o abastecimento global.
CRONOLOGIA E CONTEXTO GERAL
A tensão comercial entre Estados Unidos e China, que começou no governo Trump em 2017, voltou com força total em 2025. Desde fevereiro, uma escalada tarifária se intensificou: as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses saltaram de 20% para impressionantes 145%, enquanto a China respondeu com até 125% sobre produtos americanos.
Donald Trump chamou o dia 2 de abril de “Dia da Libertação”, alegando que as tarifas iriam “resgatar a indústria americana de décadas de abusos estrangeiros”. Especialistas alertam que, mais do que uma guerra econômica, o que está em jogo agora é a estabilidade de cadeias globais essenciais — como a da saúde.
“Nosso país tem sido saqueado […] temos muitos trabalhadores que sofreram muito”, afirmou Trump.
— Fonte: G1 - EUA x China: A escalada de tarifas
IMPACTO NA MEDICINA E ACESSO A MEDICAMENTOS
A maioria dos princípios ativos farmacêuticos (APIs) utilizados nos EUA são fabricados na China e na Índia. Com as tarifas passando dos 100%, laboratórios já sinalizam aumentos entre 20% e 30% no preço de medicamentos genéricos, o que pode afetar diretamente o bolso da população e a sustentabilidade de programas de saúde pública.
Equipamentos médicos — como seringas, luvas, bisturis e até componentes eletrônicos de monitores e respiradores — também estão entre os itens afetados. A alta no custo de importação, especialmente de insumos hospitalares básicos, pode gerar repercussões em hospitais públicos e privados no mundo todo.
“As tarifas vão afetar desde a cadeia de fornecimento de medicamentos até a entrega de insumos essenciais à saúde pública global.”
— Fonte: CNN Brasil - Trump reafirma política tarifária e descarta exceções
EFEITOS NO BRASIL E MERCADOS EMERGENTES
Com o Brasil importando uma parte relevante de insumos médicos dos EUA e da Ásia, o cenário é de alerta. Aumentos no preço de remédios e materiais hospitalares podem pressionar o orçamento do SUS e dos planos de saúde. Além disso, há risco de escassez de itens essenciais caso a guerra comercial afete os estoques globais.
Notícia escrita por Luiz.E.Freire, estudante de Medicina da PUC-GO
LEIA MAIS:

03 – Como a Acupuntura Pode Ajudar no Controle da Impulsividade
A impulsividade não é apenas uma questão de “falta de força de vontade”. Ela está ligada a alterações em áreas específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal e a amígdala, responsáveis pelo autocontrole, pela tomada de decisões e pela regulação das emoções.
Quando essas regiões estão em desequilíbrio — seja por estresse crônico, ansiedade ou hábitos prejudiciais —, as reações tendem a ser mais imediatas, intensas e difíceis de controlar. Nesse contexto, a acupuntura se apresenta como uma abordagem terapêutica complementar com evidências crescentes de eficácia.
Como a acupuntura atua?
Ao estimular pontos específicos do corpo, a acupuntura regula o sistema nervoso central e modula neurotransmissores como dopamina, serotonina e GABA — todos envolvidos na estabilização do humor, no controle da ansiedade e no fortalecimento do autocontrole. Também reduz os níveis de cortisol, hormônio diretamente associado ao estresse.
Estudos demonstram que a prática ativa áreas cerebrais ligadas à tomada de decisão e ao comportamento racional, além de favorecer a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de criar novas conexões e padrões mais saudáveis de resposta emocional.
Na prática, o que muda?
Mais clareza mental, menos reatividade e uma mente mais preparada para lidar com os desafios diários — especialmente em contextos exigentes, como o da saúde, dos estudos ou das relações interpessoais.
Se você percebe que a impulsividade tem interferido na sua rotina ou nos seus relacionamentos, essa pode ser uma oportunidade para iniciar um cuidado mais profundo e consciente.
Recomendamos a @muriel.acupuntura, profissional referência em saúde integrativa com foco no equilíbrio emocional.

Leia mais sobre o assunto:
Confira o artigo que inspirou este conteúdo:
"Neurobiological mechanisms of acupuncture in the regulation of emotional behaviors" — publicado na Neuroscience & Biobehavioral Reviews.
Texto escrito por Luiz.E.Freire, estudante de Medicina da PUC-GO

#04 - Inteligência Cognitiva em Ação: Otimizando Resultados em Testes de Proficiência
A inteligência cognitiva, assim como estudada na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), trata a mente humana como um sistema adaptativo e limitado em recursos como atenção, memória e capacidade de processamento. Em situações de alta exigência cognitiva como o TOEFL, um dos principais exames de proficiência em inglês, esses recursos precisam ser estrategicamente gerenciados pelo candidato. Ao contrário do que muitos pensam, o TOEFL não é uma prova que mede apenas a fluência em inglês. É uma prova técnica, onde saber interpretar enunciados eficientemente, controlar o tempo e evitar a sobrecarga cognitiva pode ser mais importante do que o domínio gramatical e lexical da língua.
Por esses motivos, técnicas derivadas da Teoria da Atenção Seletiva e da Teoria da Carga Cognitiva são eficazes na realização do TOEFL. A Teoria da Atenuação de Treisman, por exemplo, evidencia a importância de filtrar estímulos irrelevantes para manter o foco no objetivo principal, o que é relevante em seções como Listening e Reading, onde distrações mínimas podem comprometer a compreensão de detalhes importantes do texto. Já a Teoria da Carga Cognitiva destaca como o excesso de informação, especialmente em momentos de alta pressão, pode comprometer a memória de trabalho. Estratégias como “chunking” (agrupar informações em blocos significativos), “skimming” (leitura rápida em busca de informações-chave), “interleaving” (alternar tipos de tarefas) e pausas estratégicas entre blocos de estudo ajudam a treinar o cérebro para se tornar eficiente em manter o desempenho cognitivo em provas longas e multifacetadas como o TOEFL.
Plataformas de estudo como o Coursera oferecem cursos específicos que focam no conteúdo da prova, mas principalmente em dicas e técnicas comprovadas de como fazer a prova. Muitos desses cursos são oferecidos de forma gratuita por universidade mundialmente renomadas e podem oferecer a emissão de certificado de conclusão. Além disso, esses cursos ajudam o candidato a treinar técnicas de escuta ativa, leitura dinâmica, planejamento de redações e gerenciamento de tempo, além de oferecerem provas simuladas que ajudam a reduzir a ansiedade e a acostumar o candidato com o estilo do exame. Quando essas técnicas são combinadas com um entendimento técnico da cognição, essas ferramentas possibilitam que candidatos aprendam melhor, otimizando o uso de seus recursos cognitivos para chegar a resultados superiores e surpreendentes.
Texto escrito por Gabriel.M.Lopes, estudante de Ciência Cognitiva - UC San Diego
#05 - DICAS DE ESTUDO
Você já passou horas estudando, sentiu que aprendeu tudo, mas uma semana depois… não lembra quase nada?
Se isso soa familiar, você está enfrentando um inimigo silencioso, porém natural: a Curva do Esquecimento
O que é a Curva do Esquecimento?
Desenvolvida pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus no século XIX, a curva do esquecimento mostra o quanto esquecemos com o passar do tempo, especialmente quando não revisitamos o conteúdo aprendido.
Segundo Ebbinghaus, podemos perder até 70% da informação em apenas 24 horas após o primeiro contato com o conteúdo. Isso acontece porque o cérebro, para otimizar energia e espaço, tende a descartar aquilo que não é usado.

Como isso afeta os estudantes de medicina?
Na medicina, onde o volume de informação é massivo, confiar apenas em revisões aleatórias ou no que os estudos chamam de "cramming" (estudar de última hora) é receita para frustração e esquecimento.
Você pode até ir bem na prova do dia seguinte, mas a retenção a longo prazo — essencial para a prática clínica — vai por água abaixo.
A Solução: Repetição Espaçada
A Repetição Espaçada (ou Spaced Repetition) é uma técnica baseada em décadas de estudos em psicologia cognitiva. Ela propõe que revisões sejam feitas no momento ideal, pouco antes de o cérebro começar a esquecer.
Essa prática engana o cérebro, fazendo-o acreditar que a informação ainda é importante — e, assim, ela é transferida da memória de curto prazo para a memória de longo prazo.
Exemplo prático:
Imagine que você precisa lembrar a sequência:
Q – B – R – E – T – L
E que só pode revisar essa sequência 5 vezes.
Estudos mostram que se você fizer todas essas 5 revisões no mesmo dia, a chance de lembrar a quinta letra (“E”) será muito menor do que se você revisar:
1 vez no dia 1
1 vez no dia 3
1 vez na próxima semana
1 vez no próximo mês
1 vez depois de dois meses
Esse espaçamento segue a lógica da curva de decaimento da memória: quanto mais o tempo passa, mais a memória precisa de um reforço inteligente.
"A memória, como uma tela de cera, retém a impressão apenas enquanto não for perturbada."
—Hermann Ebbinghaus
Casos Reais: Quem já usou a repetição espaçada?
Roger Craig, campeão do Jeopardy, usou o software Anki (baseado em repetição espaçada) para memorizar mais de 200 mil perguntas passadas do programa. Resultado? Ele bateu recordes nunca vistos.
Arthur Chu, outro campeão do Jeopardy, também usou Anki para revisar conteúdos de forma escalável e eficiente.
O famoso matemático e investidor Edward O. Thorp utilizou a técnica ainda como estudante de física, para "conseguir estudar mais, por mais tempo".
Usuários de Anki que estudam japonês relataram decks com mais de 765 mil cartões, com áudios extraídos de vídeos, jogos e animes — tudo para reforçar vocabulário com base em repetição espaçada.
E os estudantes de medicina?
A comunidade médica já entendeu o poder dessa ferramenta. Muitos alunos acumulam milhares de flashcards, especialmente usando baralhos prontos (como Zanki, AnKing, Pepper, etc.).
Por quê? Porque na medicina, a repetição espaçada não é luxo, é sobrevivência.
Estudar com SRS (Sistemas de Repetição Espaçada) como Anki permite que você revise conteúdos de bioquímica, farmacologia, anatomia, microbiologia e patologia no tempo certo, com foco em retenção de longo prazo.
Dicas para aplicar a Repetição Espaçada:
Use Anki ou apps similares: eles calculam automaticamente o melhor momento para você revisar.
Comece pequeno: 10–20 cards por dia já criam uma base sólida.
Prefira a recordação ativa: não apenas reveja o conteúdo — tente lembrar antes de ver a resposta.
Misture assuntos: intercalar temas (ex: cardio com neuro) melhora a retenção.
Seja consistente: é melhor revisar todo dia por 20 minutos do que estudar 6 horas no sábado.
Sugestão de leitura e estudos:
Ebbinghaus, H. (1885). Memory: A Contribution to Experimental Psychology
Cepeda et al. (2006). Spacing Effects in Learning: A Temporal Ridgeline of Optimal Retention
Roediger & Karpicke (2006). The Power of Testing Memory: Basic Research and Implications for Educational Practice
Kandel, E. R. (2001). The Molecular Biology of Memory Storage: A Dialogue Between Genes and Synapses
A repetição espaçada é a ponte entre estudar e realmente reter. Não estude mais. Estude melhor.
Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga, estudante de Medicina da PUC-GO
#06 - Pedir ajuda não é fraqueza: é maturidade emocional na formação médica
O ambiente de formação médica sempre foi marcado por altos níveis de exigência, competição e cobrança. Nesse cenário, a ideia de mostrar vulnerabilidade ainda é, muitas vezes, interpretada como sinal de fraqueza. No entanto, essa cultura do silêncio e da autossuficiência vem sendo progressivamente questionada — e precisa ser superada.
O texto publicado pela Medscape, intitulado "Breaking the Stigma: Why Asking for Help Is a Strength in Medical Training", traz depoimentos de profissionais e estudantes que vivenciaram a sobrecarga física, emocional e mental durante o processo formativo. Ao reconhecerem seus próprios limites e recorrerem a apoio psicológico, social ou institucional, não apenas preservaram sua saúde, mas se tornaram profissionais mais empáticos, conscientes e equilibrados.
A mensagem é clara: pedir ajuda não compromete a competência médica — fortalece-a.
A pressão invisível que adoece
A formação médica, desde a graduação até a residência, impõe longas jornadas de estudo e trabalho, grande responsabilidade emocional diante do sofrimento alheio, e uma constante sensação de insuficiência — mesmo entre os mais dedicados. Soma-se a isso a cultura do “herói”, que valoriza o médico incansável, sempre disposto, sempre forte, mesmo diante do esgotamento.
Pesquisas recentes apontam que estudantes de medicina apresentam índices elevados de ansiedade, depressão e burnout. Ainda assim, muitos hesitam em buscar apoio por medo de julgamentos, estigmas ou consequências acadêmicas. Essa hesitação pode, paradoxalmente, gerar ainda mais sofrimento — justamente naqueles que escolheram cuidar da saúde dos outros.
Pedir ajuda é um ato de responsabilidade profissional
O que o artigo da Medscape revela — e que precisa ser amplamente difundido — é que autocuidado e autoconhecimento são parte essencial da formação médica. Reconhecer momentos de fragilidade não apenas protege o futuro profissional, mas também seus futuros pacientes. Um médico emocionalmente instável, esgotado ou isolado tem maior risco de erro, menos empatia e menor capacidade de tomada de decisão assertiva.
Promover ambientes de ensino mais acolhedores, com espaço para escuta, suporte psicológico e incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, é urgente. E isso começa com a quebra do silêncio: falar abertamente sobre saúde mental entre médicos e estudantes é um passo necessário para transformar a cultura da medicina.
Ao contrário do que muitos imaginam, não é a resistência silenciosa que molda o bom médico, mas a capacidade de reconhecer seus próprios limites e buscar apoio quando necessário. Na prática clínica, isso se traduz em segurança, empatia e maturidade.
Quebrar o estigma não é uma fraqueza da formação médica — é a sua evolução.
Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga, estudante de Medicina da PUC-GO

#07 - Garrafas reutilizáveis: uma aliada da hidratação — e um possível risco à saúde
Em um ambiente cada vez mais atento à sustentabilidade, o uso de garrafas reutilizáveis se tornou prática comum entre estudantes e profissionais da área da saúde. No entanto, o que muitos ignoram é que esses recipientes podem se transformar em verdadeiros reservatórios de microrganismos quando não higienizados de maneira adequada.
Um artigo recente da BBC News Brasil reacende o alerta: a falta de limpeza regular e correta das garrafas pode levar ao acúmulo de bactérias, fungos e resíduos, tornando a água armazenada um risco potencial à saúde — especialmente em ambientes clínicos e hospitalares.
Por que isso importa na rotina médica?
Profissionais de saúde estão constantemente expostos a agentes biológicos e, por isso, devem manter rigorosos padrões de higiene pessoal. No entanto, muitas vezes, a atenção dada à esterilidade dos instrumentos e superfícies não se estende a objetos de uso individual, como garrafas, copos ou canecas.
Estudos indicam que garrafas mal higienizadas podem conter colônias significativas de bactérias, incluindo Staphylococcus aureus, E. coli e outros patógenos oportunistas. Isso é particularmente preocupante em locais com pacientes imunocomprometidos ou em UTIs, onde a contaminação cruzada pode ser crítica.
Recomendações práticas
A limpeza adequada da garrafa deve ser incorporada à rotina diária, com atenção especial aos componentes mais difíceis de alcançar, como tampas, bicos e canudos internos. As principais orientações incluem:
Higienizar diariamente com água quente e detergente;
Utilizar escovas específicas para áreas estreitas;
Realizar uma limpeza profunda semanal com bicarbonato de sódio ou vinagre;
Secar completamente antes de guardar, para evitar ambientes úmidos propícios à proliferação microbiana.
Em contextos de uso hospitalar ou laboratorial, o ideal seria até mesmo alternar o uso entre duas ou mais garrafas esterilizadas, especialmente em turnos prolongados.
A hidratação é essencial na rotina de quem atua com saúde — mas deve ser acompanhada de cuidados básicos com os recipientes utilizados. Para quem lida diariamente com o risco biológico, a garrafa de água não pode ser negligenciada como um vetor silencioso de contaminação.
Notícia escrita por Pedro Henrique M. Braga, , estudante de Medicina da PUC-GO
#08 - Creatina Monohidratada: Segurança Confirmada por Extensa Análise Científica.

A creatina monohidratada (CrM) é amplamente utilizada por atletas e indivíduos que buscam melhorar o desempenho físico. No entanto, persistem mitos sobre seus possíveis efeitos adversos. Uma análise abrangente publicada recentemente no Journal of the International Society of Sports Nutrition esclarece essas questões.
O estudo avaliou 685 ensaios clínicos com mais de 26.000 participantes, comparando os efeitos da creatina com o placebo. Os resultados mostraram que a incidência de efeitos colaterais foi semelhante entre os grupos, sem diferenças estatisticamente significativas. Além disso, análises de bancos de dados globais de eventos adversos revelaram que relatos envolvendo creatina são extremamente raros e, frequentemente, associados ao uso de outros suplementos ou medicamentos.
Para estudantes e profissionais de saúde, é fundamental basear-se em evidências científicas ao avaliar a segurança de suplementos como a creatina. Este estudo reforça que a creatina monohidratada é segura para uso, desmistificando preocupações infundadas e destacando a importância de informações baseadas em dados confiáveis.
Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga, estudante de Medicina da PUC-GO

#09 - Segmentectomia Pulmonar Anatômica com óculos de realidade mista - veja seus benefícios
A Segmentectomia Pulmonar Anatômica é um procedimento menos invasivo para o tratamento de câncer de pulmão e metástases pulmonares, que realiza a retirada de parte de um lobo pulmonar. Esse procedimento está se tornando cada vez mais popular entre os cirurgiões torácicos, pois, apesar de exigir maior técnica e conhecimento, mantém a função do parênquima pulmonar, fator imprescindível em pacientes comprometidos. Nesse caso, a inovação cirúrgica foi utilizada para remover nódulos pulmonares em casos de câncer em estágio inicial.
A No Hospital de Base de Brasília, uma paciente de 60 anos foi submetida a uma Segmentectomia Pulmonar Anatômica por videolaparoscopia, com o diferencial dos óculos de realidade mista, que permitem a visualização tridimensional do pulmão da paciente juntamente com o ambiente real. Esse avanço possibilitou maior segurança durante o procedimento, reduziu o tempo da cirurgia, tornou o processo menos invasivo e preservou uma maior parte do pulmão da paciente, já que, na cirurgia convencional, ela perderia cerca de 50% do seu pulmão direito, enquanto nesse procedimento alternativo perdeu apenas 10%.
Essa tecnologia foi desenvolvida pela equipe do Hospital Sírio-Libanês. Atualmente, o software já é utilizado por hospitais privados e está sendo implementado em cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de forma experimental.
Texto escrito por Lumma David G. Souza, estudante de Medicina da PUC-GO

#10 - ‘’Vasinhos” na pele, estética ou saúde?
Sabe aqueles “’vasinhos’’ que encontramos na pele, principalmente nos membros inferiores? Então, apesar de muitos acharem que e apenas um problema estético, eles podem estar relacionados a doenças vasculares, por isso e importante fazer o acompanhamento com um angiologista ou cirurgiões vasculares, especialistas na área.
Essas lesões podem ser as varizes, que são veias dilatadas e calibrosas, apresentam mais de 3mm de diâmetro, ficam localizadas no tecido subcutâneo e a remoção e cirúrgica com associação de de técnicas como laser, radiofrequência e retirada de veias varicosas. Podem estar associadas a problemas renais e cardíacos, consequentemente podem desencadear edema de membros inferiores.
Os ’’vasinhos’’, podem ser do tipo telangiectasias ou veias reticulares, independentemente, são estruturas superficiais da pele, pequenas (possuem de 1 a 2mm de diâmetro), podem ter coloração arroxeada, ficam aglomerados, costumam aparecer a partir dos 30 anos em mulheres e podem aumentar com o tempo, principalmente, devido ao uso de anticoncepcionais, genética, quantitativo de gestações, sedentarismo e obesidade.
Texto escrito por Lumma David G. Souza, estudante de Medicina da PUC-GO

#11 - Impacto do Ozempic e Mounjaro na saúde mental
Fármacos como Ozempic e Mounjaro foram disponibilizados para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, pois apresentam evidências de sucesso durante o tratamento, tanto que foram comparados inclusive ao da cirurgia bariátrica.
Apesar desses medicamentos atuarem no controle glicêmico e no gerenciamento de peso, há diversos efeitos colaterais, como o comprometimento dos rins, do pâncreas e da vesícula biliar. A partir da revisão integrativa realizada pela Journal of Medical and Biosciences Research, é possível afirmar que o tratamento com Ozempic não aumentou o risco de desenvolvimento de sintomas de depressão e ideação suicida. Pelo contrário, foi observada uma redução pequena, mas significativa, nos sintomas depressivos. Além disso, o medicamento auxilia na motivação e afeta positivamente o humor devido ao estímulo à produção de insulina. Vale ressaltar que esse tratamento inovador e suas consequências ainda estão sendo estudados. Portanto, é importante continuar acompanhando as notícias, estudos e seus resultados.
Texto escrito por Lumma David G. Souza, estudante de Medicina da PUC-GO

#12- Mitos e Verdades sobre o sono na vida adulta
O sono é um estado fisiológico cíclico composto por quatro estágios, sendo três deles não REM e um REM. Durante esses períodos, o sono tem início leve e vai progredindo até se tornar profundo. O ciclo do sono é crucial para a saúde física e mental dos seres humanos, pois atua na síntese de proteínas, regulação do metabolismo, consolidação da memória, limpeza cerebral e recuperação do sistema imunológico. Com o intuito de abordar conhecimentos de uma maneira diferente, seguem alguns mitos e verdades segundo a cartilha "Sono, saúde mental e bem-estar psicológico no adulto" feita pela Associação Brasileira do Sono a respeito do sono:
1. Precisamos de 8 horas de sono por noite?
MITO: A quantidade de sono varia de acordo com o indivíduo e está relacionada à idade, genética, estilo de vida e saúde de forma geral.
2. É possível recuperar o sono perdido?
MITO: Dormir algumas horas a mais à tarde ou no fim de semana pode ajudar no descanso, sim, mas não recupera o sono perdido. A falta de sono gera dificuldades para prestar atenção, mau humor e diminuição da função imunológica.
3. Quem tem insônia sempre terá insônia?
MITO: A insônia depende de fatores como estresse, transtornos psicológicos e ambientes inadequados. Assim, pode haver resolução caso os fatores responsáveis pela insônia sejam eliminados.
Texto escrito por Lumma David G. Souza, estudante de Medicina da PUC-GO

Esta edição especial sobre medicina retrata um momento de profunda transformação na área da saúde. As inovações destacadas revelam como a tecnologia vem redefinindo o modo como tomamos decisões cotidianas — influenciando diretamente nossa rotina, prevenção e abordagem no tratamento de doenças.
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