#08 - Jornal da Semana

☀️ Bom dia, leitor! Em tempos de mudanças rápidas e profundas, fatos do cotidiano e avanços científicos transformam não apenas a sociedade, mas também o modo como entendemos a saúde e praticamos a Medicina. Como os grandes acontecimentos moldam o futuro da nossa profissão? Nesta edição, reunimos seis temas essenciais: do impacto dos relacionamentos midiáticos à revolução da administração de medicamentos e a importância da discussão da diabetes gestacional.

O que resta depois do amor?

Num mundo em que tudo é acelerado — a conexão, a resposta, o fim —, os relacionamentos se tornaram como stories: visíveis por um instante, esquecidos em 24 horas. Ainda assim, são eles que moldam a mente, o afeto, a dor e a cura. Nenhum prontuário registra, mas a maioria das cicatrizes psíquicas tem origem no campo mais íntimo: o das relações.

Não é mais possível formar médicos sem formar também escutadores de afetos.
Não se trata apenas de saber identificar uma gastrite ou um nódulo — mas de reconhecer quando a dor no estômago é fome de presença, quando a falta de ar vem de um abandono, quando a insônia é só o eco de uma ausência que não coube na vida real, mas foi plenamente vivida em pixels.

Nesta edição, mergulhamos nos reflexos da separação parental sob a ótica da neurociência e da clínica, com dados, mas também com empatia. Discutimos o impacto do fim de um relacionamento midiático — Zé Felipe e Virgínia — não como fofoca, mas como sintoma social: o amor virou espetáculo e, como todo show, precisa acabar para dar audiência.

Como disse Zygmunt Bauman:
“Os relacionamentos são como produtos de consumo: desejáveis, substituíveis, com prazo de validade.”
Mas o cérebro — e o coração — ainda não aprenderam a ser descartáveis.

Entre o que sentimos e o que conseguimos nomear, existe uma urgência: repensar os vínculos. E entender que cuidar da saúde mental, hoje, é também saber navegar as ruínas emocionais de uma geração que aprendeu a amar com medo, e a deixar com pressa.

#01 O término de Zé Felipe e Virgínia: o amor líquido, a estética da conexão e os efeitos invisíveis na mente

"Vivemos tempos em que a duração de um relacionamento é medida pela força do engajamento, não pela profundidade do afeto."

A separação de Zé Felipe e Virgínia Fonseca, além de repercutir entre milhões de seguidores, escancara uma realidade cada vez mais estudada por neurocientistas e psiquiatras: o impacto psicológico das relações performáticas e efêmeras, impulsionadas pela estética das redes sociais.

🧠 Neurociência do amor e das perdas:

Pesquisas recentes em neuroimagem funcional revelam que términos afetivos ativam regiões cerebrais semelhantes às da dor física, como o córtex cingulado anterior. A idealização de vínculos — especialmente quando mediatizados — amplifica a atividade dopaminérgica em áreas como o núcleo accumbens, o que explica a dificuldade de desligamento emocional e a sensação de "recompensa interrompida".

📲 A era da vitrine emocional:

O que vemos não são relações, mas curadorias afetivas. O amor, quando exposto em stories e reels, se torna não apenas uma experiência privada, mas uma narrativa pública com roteiro, estética e audiência. Isso cria um paradoxo: vínculos frágeis em embalagens sofisticadas. Para jovens, isso aumenta a dissonância cognitiva entre o que se sente e o que se espera sentir — uma das raízes do sofrimento psíquico contemporâneo.

🔍 Reflexão clínica e social:

  • A rotinização do término performático cria modelos instáveis de apego.

  • A estética da perfeição relacional impacta a autoestima e o senso de valor individual.

  • Há um crescimento nos atendimentos psicológicos relacionados a desilusões idealizadas e frustrações amorosas ligadas à validação digital.

🎯 Na prática médica e psicológica:

É necessário ouvir com atenção os pacientes que chegam após rupturas amorosas, sobretudo os que vivem expostos a comparações sociais intensas. Muitas vezes, o sofrimento não é apenas pela perda do outro, mas pela quebra de uma identidade construída para o olhar do mundo.

📚 Para aprofundar:

  • Bauman, Z. Amor Líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos.

  • Fisher, H. Why We Love: The Nature and Chemistry of Romantic Love.

  • Zeki, S. The neurobiology of love (2007). FEBS Letters.

Texto escrito por Luiz.E.M.Freire

#02 - Separação parental: o impacto invisível na mente infantil e os caminhos para a resiliência

“Não é o fim da estrutura familiar que adoece — é a forma como ela se desestrutura.”
A separação dos pais é um dos eventos mais impactantes da infância. Não se trata apenas de duas pessoas que deixam de estar juntas, mas de um sistema emocional que se rompe e reorganiza. Estudos mostram que os efeitos emocionais dessa ruptura dependem mais da intensidade do conflito e da qualidade do suporte do que do divórcio em si.

🧠 Neurociência do apego e do estresse infantil

Pesquisas em neuroimagem revelam que crianças expostas a altos níveis de conflito parental apresentam maior atividade na amígdala — centro do medo e da ansiedade — e menor regulação pelo córtex pré-frontal. Isso contribui para quadros de ansiedade e instabilidade emocional a longo prazo.

O estresse prolongado da separação parental eleva níveis de cortisol, o que afeta diretamente o desenvolvimento cerebral, aprendizado e regulação emocional — um processo já documentado em diversos estudos longitudinais.

🩺 Implicações para a prática clínica e educacioal

Pediatras, psiquiatras infantis e educadores devem estar capacitados para identificar sinais precoces de sofrimento emocional em crianças de pais separados. Os sintomas nem sempre são óbvios: podem surgir como desatenção escolar, mudanças de comportamento ou queixas somáticas.

Mais do que diagnosticar, é preciso acolher: a criança muitas vezes não precisa apenas de terapia, mas de um ambiente seguro onde seja possível reconstruir seu senso de previsibilidade emocional.

Texto escrito por Luiz.E.M.Freire

#03- A alegria que Evangeliza: O Poder da Espiritualidade Simples em Tempos de Cansaço Coletivo

Às vezes, é preciso algo completamente inesperado para que a gente perceba o quanto estamos carentes do essencial. Duas freiras goianas — Marizele Cassiano e Marisa de Paula — sem grandes aparatos tecnológicos, sem show business ou estratégia de marketing, viralizaram com algo simples e profundamente humano: alegria espontânea. Beatbox, dança e fé. Foi isso. Um momento leve, genuíno, e — por que não dizer? — sagrado, em meio à programação de um canal religioso. E o Brasil parou. Sorriu. Compartilhou.

E o que isso diz sobre nós?

Diz que estamos famintos por autenticidade. Que o riso vindo do sagrado ainda tem força. Que espiritualidade, quando vivida de verdade — com corpo, alma e até com beatbox —, pode alcançar os corações mais calejados. Especialmente os jovens. E não há algoritmo mais poderoso que isso. As irmãs da Congregação Copiosa Redenção mostraram que a espiritualidade não precisa ser sisuda, nem fria. Ela pode (e deve) ser dançante, vibrante, encarnada.

Um Convite à Integração

Agora, façamos um pequeno desvio — ou talvez, uma ampliação de horizonte. Vamos pensar nos estudantes da área da saúde. Medicina, enfermagem, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia… são cursos intensos, exigentes, que colocam o aluno diante da dor, da morte e da miséria humana todos os dias. E muitos desses jovens chegam ao fim da graduação exaustos, ansiosos, vazios.

Pergunto: como alguém vai cuidar de um corpo, se está com a alma em frangalhos? Como alguém vai oferecer consolo a um paciente em fim de vida, se não tem uma narrativa interna que dê sentido à própria existência?

É aqui que entra a espiritualidade — não como doutrina engessada, mas como abertura à transcendência. Como prática cotidiana de conexão com algo maior. A espiritualidade bem compreendida não é um luxo. É uma necessidade. Ela nos ancora. Nos ajuda a lidar com o sofrimento de forma menos destrutiva. E, principalmente, nos lembra que o ser humano é mais do que carne, osso e exames laboratoriais.

Estudantes de saúde que cultivam uma dimensão espiritual tendem a ter mais empatia, mais resiliência e, sim, mais humanidade. Porque não enxergam apenas a doença — enxergam a pessoa.

A Espiritualidade Simples, Mas Não Simplória

Voltando às freiras dançantes — o que elas fizeram, no fundo, foi mostrar que a fé pode ser comunicada com leveza. Que o sagrado não precisa habitar só nos altares, mas também nas praças, nos palcos, nos retiros e até no Instagram. E que o Evangelho pode ser proclamado não apenas com palavras, mas com gestos de alegria. Uma espiritualidade assim não é simplória. É profunda, porque toca onde mais dói: na solidão, no desânimo, na desesperança.

A viralização não foi pelo espetáculo. Foi pelo contraste. Em um país saturado de corrupção, polarização política, miséria e violência, duas mulheres sorridentes e consagradas à vida religiosa apareceram na TV... dançando. E nós, tão acostumados com cinismo e sarcasmo, paramos para olhar. Porque aquilo ali tinha verdade. E a verdade — mesmo quando simples — arrasta.

A Beleza que Cura

Talvez o que tenhamos aprendido com esse episódio é que a espiritualidade não precisa ser teórica. Ela precisa ser viva. Precisa entrar no corpo, no ritmo, na música, no serviço. E para os futuros profissionais da saúde, talvez esse seja um lembrete poderoso: cuidar do outro não é só uma técnica. É também uma arte — e como toda arte, exige alma.

Que a lição das irmãs Marizele e Marisa nos sirva como lembrete: às vezes, é no beatbox e na dança que Deus resolve aparecer. E, se estivermos atentos, podemos até ouvi-Lo no meio da batida.

— Afinal, como dizia São Francisco: “Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras.”

Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga

#04 -Diabetes gestacional: Por que precisamos falar sobre isso?

O diabetes gestacional é uma condição frequentemente subestimada, mas que, quando não tratada, pode gerar consequências graves e irreversíveis. Embora cerca de 80% das gestantes consigam controlar a doença com mudanças no estilo de vida — especialmente na alimentação e na prática de exercícios físicos — muitas ainda necessitam do uso de insulina, considerado o padrão ouro no tratamento farmacológico.

No Brasil, estima-se que cerca de 18% das gestantes desenvolvem diabetes gestacional. O aumento das gestações em idades mais avançadas, somado à epidemia de sobrepeso, obesidade e à alta prevalência da síndrome metabólica, contribui para que essa condição se torne a principal complicação metabólica da gestação e um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento futuro de diabetes tipo 2. Mulheres que apresentam diabetes gestacional têm um risco até 10 vezes maior de desenvolver DM2 nos 10 anos seguintes ao parto, além de estarem mais propensas a complicações cardiometabólicas.

Os impactos, no entanto, não se limitam à saúde materna. Bebês expostos ao diabetes gestacional estão mais sujeitos a complicações neonatais como hipoglicemia, macrossomia, prematuridade e crescimento fetal excessivo (GIG), além de maior risco de obesidade e doenças crônicas ao longo da vida — resultado de interações entre fatores genéticos e ambientais.

Diante desse cenário, torna-se essencial discutir o diabetes gestacional, tanto no meio acadêmico quanto nas políticas públicas. A gestão inadequada dessas gestações onera o sistema de saúde — o custo de uma gestação de alto risco pode ser até quatro vezes maior — e tem repercussões duradouras na saúde da mãe e do filho. Com a projeção de mais de 1 bilhão de pessoas com diabetes tipo 2 até 2050, reforçar estratégias de prevenção e cuidado durante o pré-natal é uma urgência em saúde pública.

Texto escrito por Luisa Bittencourt

Referências

BRASIL. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. FEMINA, v. 47, n. 11, p. 786–796, 2019.

MOON, J. H.; KWAK, S. H.; JANG, H. C. Prevention of type 2 diabetes mellitus in women with previous gestational diabetes mellitus. The Korean Journal of Internal Medicine, v. 32, n. 1, p. 26–41, 2017.

WANG, H. et al. IDF diabetes atlas: estimation of global and regional gestational diabetes mellitus prevalence for 2021 by International Association of Diabetes in Pregnancy Study Group’s criteria. Diabetes Research and Clinical Practice, 2021. DOI: 10.1016/j.diabres.2021.109906

#05 - Inovação em 2025: Suspensões de Cristais Injetáveis Prometem Revolucionar a Administração de Medicamentos

“A medicina do futuro não apenas cura, mas antecipa e personaliza o cuidado.”

Em um mundo que caminha a passos largos para a automação e a praticidade, a farmacologia também avança para se tornar menos invasiva, mais duradoura e profundamente eficiente. Em 2025, uma das promessas mais revolucionárias vem das chamadas suspensões de cristais injetáveisuma tecnologia capaz de manter a liberação contínua de medicamentos por até dois anos com uma única aplicação.

Desenvolvida por pesquisadores do MIT, a inovação consiste na criação de cristais de fármacos como o bonorgestrel, suspensos em solventes adequados, que ao serem injetados formam um reservatório subcutâneo. Esse reservatório libera lentamente o medicamento no corpo, como um implante invisível, mas sem necessidade de inserções cirúrgicas.

O diferencial está no uso de polímeros biodegradáveis, como a poliprolactona, que permitem controlar a taxa de liberação sem comprometer a injetabilidade. A tecnologia promete transformar o cenário de tratamentos crônicos e profiláticos, inicialmente voltados à contracepção feminina, mas com grande potencial para terapias contra HIV, esquizofrenia, tuberculose e até mesmo doenças neurodegenerativas.

Em tempos de falhas na adesão ao tratamento, essa proposta redefine o pacto entre ciência e paciente: menos intervenções, mais eficácia, mais autonomia. E tudo isso em uma simples seringa.

Texto escrito por Luiz.E.M.Freire

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#06 - Crise em Saúde Mental: O Reino Unido Dá um Passo à Frente com Centros de Atendimento Especializados

Num momento em que os sistemas de saúde de todo o mundo enfrentam pressões crescentes, a decisão do NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido) de abrir centros especializados para crises em saúde mental representa um movimento estratégico, necessário — e tardio.

A Superlotação que Não é Só Física

O ponto de partida é claro: as emergências psiquiátricas têm superlotado os prontos-socorros ingleses, contribuindo para um cenário caótico que afeta não só os pacientes, mas também os profissionais da linha de frente. Dados recentes apontam que mais de 60 mil pessoas esperaram mais de 12 horas em A&E (acident & emergency) após a decisão de internação — o maior número já registrado.

Em vez de tentar resolver um problema psiquiátrico num ambiente clínico pensado para traumas físicos, a proposta do governo britânico é clara: descentralizar e especializar. Os novos centros oferecerão atendimento calmo, humanizado, com equipes preparadas para lidar especificamente com crises emocionais e transtornos mentais agudos. Isso inclui pessoas levadas pela polícia, referenciadas por médicos, ou que chegam por conta própria.

Um Modelo que Pode Virar Referência

Em uma década, dezenas de centros como esses deverão estar em funcionamento, seja em unidades próprias ou incorporados a estruturas já existentes. A medida já está sendo testada em dez hospitais e, segundo o diretor do NHS, Sir Jim Mackey, permite que as pessoas recebam “o suporte certo, no lugar certo”.

Não se trata apenas de eficiência hospitalar, mas de respeito ao sofrimento psíquico. Um indivíduo em surto, com ideação suicida, ou em crise de ansiedade severa, muitas vezes precisa de contenção emocional e ambiente seguro — não de uma maca fria ao lado de pacientes com fraturas expostas.

Atenção: Boa Ideia Não é Garantia de Bom Resultado

Apesar do otimismo das autoridades, vozes experientes pedem cautela. Andy Bell, do Centre for Mental Health, alerta que o modelo ainda é pouco testado e que não basta inaugurar estruturas — é preciso garantir financiamento contínuo, capacitação de equipes e acompanhamento de resultados. Sem isso, o risco é repetir a velha fórmula da promessa política sem execução técnica.

Outro ponto crítico: o financiamento. Mesmo com os £26 milhões anunciados, o setor de saúde mental do NHS tem sofrido com cortes, e a fatia do orçamento destinada à área caiu no último ano. O temor, como alerta a oposição e organizações independentes, é que os novos centros acabem sendo “vitrine” sem estrutura real para funcionar.

Um Sinal para Outros Países

A experiência britânica serve como alerta — e talvez inspiração — para outros países, especialmente aqueles em que a saúde mental ainda ocupa um papel secundário nas políticas públicas. Em países como o Brasil, onde a demanda é altíssima e os recursos são escassos, pensar em centros especializados, com porta de entrada acessível e equipe multidisciplinar, é mais do que uma ideia interessante: é uma urgência social.

Se há algo que a pandemia nos deixou de lição, é que a saúde mental não pode ser mais tratada como assunto de segundo plano. Depressão, ansiedade, surtos psicóticos, uso abusivo de substâncias... tudo isso está batendo às portas dos sistemas de saúde com força crescente. Ignorar é deixar a bomba relógio correr.

A Saúde Mental Sai da Sombra?

O plano de centros especializados do NHS pode ser um divisor de águas, desde que acompanhado de investimento, supervisão e políticas de longo prazo. É uma iniciativa que reconhece que o sofrimento psíquico merece a mesma atenção que o sofrimento físico. E que, em muitos casos, a melhor resposta ao colapso de um sistema é começar por onde mais dói — e menos se investiu até hoje: a mente.

Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga

#07 - Neurodivergência e Educação: o que ainda falta para a inclusão?

A inclusão escolar de crianças com deficiência no Brasil ainda enfrenta desafios significativos, apesar dos avanços proporcionados pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI). A legislação, que proíbe a recusa de matrícula por parte das escolas, tem sido fundamental para garantir o direito à educação inclusiva. No entanto, relatos de famílias mostram que muitas instituições, públicas e privadas, ainda encontram maneiras de evitar a admissão desses alunos, alegando falta de recursos, limitações estruturais e dificuldades na capacitação de professores.

A resistência à inclusão se manifesta de diversas formas. Algumas escolas particulares estabelecem um número limite de alunos neuroatípicos por turma, enquanto outras justificam a recusa com base em abordagens terapêuticas específicas. A falta de formação adequada dos professores também é apontada como um obstáculo, já que muitos não recebem treinamento sobre como lidar com diferentes síndromes durante a graduação. Além disso, barreiras arquitetônicas e financeiras dificultam a adaptação dos espaços escolares para atender às necessidades desses alunos.

O autismo, uma das condições frequentemente mencionadas nesses casos, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, interação social e comportamento. Sua fisiologia envolve alterações na conectividade neural, desregulação do sistema imunológico e inflamação crônica. Estudos indicam que indivíduos com autismo apresentam diferenças na estrutura e função cerebral, como maior volume de certas regiões e padrões distintos de conectividade. Fatores genéticos e ambientais também desempenham um papel crucial no desenvolvimento do transtorno, influenciando a expressão de genes relacionados ao funcionamento neuronal.

💬 Fechamento

Encerramos, mas não terminamos

Porque falar de vínculos é sempre um convite à continuidade.
A medicina, tantas vezes associada ao corte, à exatidão, à resposta, também precisa aprender a sustentar as perguntas — especialmente aquelas que surgem no silêncio entre uma consulta e outra, no espaço entre uma ausência e um novo começo.

Se há algo que esta edição quis provocar, foi o deslocamento: do olhar clínico ao olhar humano. Que os dados neurocientíficos nos guiem, sim — mas que não nos impeçam de perceber o gesto trêmulo de quem acabou de ser deixado, o choro abafado de uma criança entre guarda compartilhada e boletins escolares, ou o suspiro contido de quem viveu um amor de Instagram e ficou com o vazio fora do feed.

Em tempos de conexões rápidas e laços frágeis, que sejamos profissionais que constroem escuta.
Em tempos de excesso de imagem, que não nos falte presença.
E em tempos de amor líquido, que saibamos ao menos oferecer um copo de acolhimento a quem chega transbordando dor.

Até a próxima edição,

Obrigado por nos acompanhar até aqui.
Nos vemos na próxima edição.
Com respeito, ciência e reflexão,

Luiz Eduardo Martins Freire

Bem-vindo ao futuro do aprendizado em Medicina!

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