- MEDJORNALP12's Newsletter
- Posts
- #11 - Jornal da Semana
#11 - Jornal da Semana
MEDP12 | Edição Especial – Medicina Fora dos MurosEntre guerras, campos de futebol e dilemas éticos, esta edição mostra como a medicina ultrapassa os consultórios e se inscreve nas grandes decisões da história. Quando olhamos para além do jaleco branco e das salas climatizadas, encontramos médicos em trincheiras, plantões hostis e estádios lotados, lidando com o que é humano em sua forma mais crua: a dor, o esforço, a sobrevivência.
"Entre guerras, campos de futebol e dilemas éticos, esta edição mostra como a medicina ultrapassa os consultórios e se inscreve nas grandes decisões da história."
#01 - A Medicina em Tempos de Guerra: Lições entre Bombas, Fronteiras e Fraturas
MEDP12 | HISTÓRIA E ATUALIDADE
A história da medicina não pode ser contada sem os capítulos escritos com sangue em campos de batalha. Da invenção dos primeiros curativos com penicilina até o avanço das técnicas de triagem e evacuação médica (como o mérito do Triage de guerra), os conflitos armados sempre funcionaram como aceleradores tecnológicos e éticos para a prática médica.
Durante a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, o uso sistemático de ambulâncias, transfusões de sangue e radiografias móveis revolucionou o atendimento ao trauma. Já na Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da neurocirurgia, da medicina intensiva e até mesmo dos antibióticos em larga escala teve um impulso decisivo. No Vietnã, surgiram os primeiros helicópteros de resgate médico — os precursores das UTIs móveis.
Essas lições, embora originadas em contextos trágicos, salvaram incontáveis vidas no pós-guerra. No entanto, também colocaram a medicina diante de dilemas morais profundos.
Entre curar e sobreviver: o médico em cenário bélico
O profissional da saúde em zonas de guerra enfrenta desafios que extrapolam o bisturi. A escassez de recursos, o risco à própria vida e as decisões sob extrema pressão revelam um lado da medicina raramente ensinado nas universidades: o da ética em situações-limite.
Como atender civis e soldados em meio ao colapso da infraestrutura? Como respeitar os princípios da neutralidade médica quando se está inserido numa guerra ideológica? Que fazer quando a própria clínica é bombardeada?
O ataque de Israel ao Irã reacende essas questões. Estima-se que hospitais e serviços de saúde nas regiões atingidas já estejam sob risco. Os profissionais de saúde, mais uma vez, estão sendo lançados ao epicentro de crises humanas que exigem mais do que protocolos — exigem coragem, discernimento e compaixão.
O papel do médico do século XXI: entre a trincheira e a resistência civil
Em um mundo cada vez mais polarizado, o médico do século XXI é também um agente de estabilidade social. Saber reconhecer os impactos da guerra sobre a saúde pública — como epidemias, colapsos hospitalares, traumas físicos e psíquicos — é parte da formação crítica que devemos reivindicar.
Hoje, enquanto o mundo observa com tensão os desdobramentos do bombardeio a Teerã, a medicina segue seu papel silencioso: socorrer onde outros desistem, cuidar onde há destruição, e resistir — não com mísseis, mas com humanidade.
Referências:
GAWANDE, Atul. Complications: A Surgeon's Notes on an Imperfect Science. Picador, 2002.
WILDE, Henry. “Medicine in War: Historical perspectives.” Military Medicine, 2010.
BMJ – Ethical Dilemmas in Military Medicine
Texto escrito por Luiz.E.M.Freire
#02 — Pílula Número 9: Quando a Medicina Servia para Mandar os Soldados de Volta à Guerra
MEDP12 | HISTÓRIA E ATUALIDADE

World War One Centenary OER Project CC BY-NC-SA
Legenda da foto: Os oficiais médicos carregavam uma caixa de metal com diferentes tipos de comprimidos
Durante a Primeira Guerra Mundial, a medicina avançou com invenções importantes como o raio-X portátil e as transfusões de sangue. Mas, ao mesmo tempo, os médicos militares também usavam remédios de forma questionável — não só para curar, mas para manter os soldados lutando. O exemplo mais famoso disso foi a pílula número 9.
A pílula número 9 era um laxante muito forte, feito com substâncias como cloreto mercuroso, ruibarbo e extratos de Citrullus colocynthis. Ela causava diarreia intensa e mal-estar intestinal. Ainda assim, passou a ser usada de forma generalizada pelos médicos nos campos de batalha para tratar qualquer queixa de saúde leve: dor de cabeça, fadiga, resfriado, dor nas costas.
O motivo? Muitos soldados fingiam estar doentes para sair do combate, e os médicos, pressionados pelo exército, tinham que decidir rapidamente quem estava realmente doente e quem não. Como não havia tempo nem recursos para investigar todos os casos, dar a pílula número 9 se tornou uma forma de testar a sinceridade dos sintomas. Quem estava fingindo, desistia ao saber que teria que enfrentar os efeitos do laxante e, em muitos casos, preferia voltar direto para o front.
Com o tempo, os próprios soldados passaram a reconhecer o número 9 como um castigo. Cartas, piadas e panfletos feitos nas trincheiras ironizavam o uso excessivo do remédio. Mas, por trás do humor, havia sofrimento. A pílula número 9 virou símbolo de uma medicina que deixava de cuidar — e passava a servir à lógica da guerra.
O caso nos lembra que a prática médica nem sempre é neutra. Em tempos de conflito, decisões clínicas podem esconder intenções políticas. E o que deveria ser alívio, pode se tornar pressão.
Texto escrito por Luiz.E.M.Freire
Referências
COOK, Tim. Shock Troops: Canadians Fighting the Great War 1917–1918. Penguin Canada, 2008.
VAN BERGEN, Leo. Before My Helpless Sight: Suffering, Dying and Military Medicine on the Western Front, 1914–1918. Ashgate, 2009.
Universidade de Oxford. World War One Centenary – Medical Services
#03 — Médico de Seleção: A Ciência do Corpo Sob Pressão Global
MEDP12 | MEDICINA DO ESPORTE E ATUALIDADE
Com a chegada da nova Copa do Mundo de Clubes da FIFA em 2025, que será realizada nos Estados Unidos com 32 equipes, a rotina dos atletas de elite se tornará ainda mais intensa. Viagens, sobrecarga de jogos e adaptação climática exigem não apenas excelência física dos jogadores, mas também a presença constante de um profissional pouco lembrado fora das quatro linhas: o médico do esporte.
Mais do que tratar lesões, o médico do esporte atua na prevenção, recuperação, planejamento físico e monitoramento de desempenho. É ele quem faz a ponte entre a ciência e o rendimento, coordenando áreas como fisioterapia, nutrição, cardiologia e ortopedia. Nos bastidores de grandes torneios, seu papel é decisivo — não apenas para manter atletas em campo, mas para preservar sua saúde a longo prazo.
No Brasil, um dos nomes mais marcantes nessa área é o do Dr. José Luiz Runco, médico da Seleção Brasileira por mais de duas décadas, incluindo Copas do Mundo de 1998, 2002, 2006 e 2010. Runco ficou conhecido por seu trabalho próximo aos atletas e pela gestão cuidadosa de lesões em momentos de alta pressão, como na preparação de Ronaldo Fenômeno em 2002 — ano em que o Brasil foi campeão.
Runco também contribuiu para institucionalizar a medicina esportiva no país, defendendo a presença de médicos do esporte nas categorias de base e em clubes pequenos, não apenas na elite. Segundo ele, a maior vitória da medicina esportiva é antecipar o problema — evitar que uma lesão silenciosa vire uma cirurgia. Em entrevista ao portal da CBF, afirmou: “A medicina do esporte não é só cuidar de quem se machucou. É evitar que o atleta se machuque. E isso começa muito antes do apito inicial”.
Com o aumento do calendário da FIFA e a pressão econômica por resultados, atletas chegam a jogar 70 partidas por temporada — um volume insustentável sem suporte médico qualificado. A Copa do Mundo de Clubes de 2025 será o maior evento internacional entre clubes já realizado, e colocará à prova não só os jogadores, mas toda a equipe médica por trás deles.
O desafio é claro: garantir performance sem sacrificar saúde. E, nesse cenário, o médico do esporte deixa de ser coadjuvante e se torna peça central no tabuleiro do futebol moderno.
Texto escrito por Luiz.E.M.Freire
Referências
CBF. Entrevista com Dr. Runco – Bastidores da Seleção Brasileira.
FIFA. Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025 – Novo Formato (https://www.fifa.com)
BRUKNER, Peter; KHAN, Karim. Brukner & Khan's Clinical Sports Medicine. McGraw-Hill Education, 2017.
BJSM – British Journal of Sports Medicine: Workload and Injury Risk in Professional Football
#04 - O Plantão que Ninguém Quer

No Instagram, é fácil posar de humanizado. Basta um jaleco branco, um estetoscópio da littmann pendurado no pescoço e uma legenda falando sobre “empatia e acolhimento”. Difícil mesmo é estar num hospital sem água, sem energia elétrica e com o teto tremendo de estilhaços enquanto se tenta manter uma criança viva com o que sobrou de um kit de primeiros socorros.
A guerra entre Irã e Israel voltou a aquecer os noticiários, mas para os médicos da região, guerra nunca é manchete: é rotina. E, nesse cenário, a medicina perde o romantismo e escancara sua face crua da urgência, da amputação improvisada, da anestesia feita com oração.
É curioso observar como, do conforto dos nossos centros acadêmicos, a ideia de "ser médico" se transformou numa colagem de cursos, certificados, mentorias e performances públicas. Estudantes disputam palanques de liga, brigam por coautorias de artigos que nunca escreveram, pagam para entrar em simpósios que não escutam. A medicina se tornou, para muitos, um palco. E o médico, um personagem (bem instagramável por sinal)
Enquanto isso, nas “bordas” do mundo, há médicos de verdade — aqueles que jamais aparecerão num slide de PowerPoint — tentando costurar pulmões rasgados por mísseis, com instrumentos que mais lembram peças de museu. Eles não discutem protocolos. Eles improvisam com dignidade. E, paradoxalmente, é justamente por estarem fora da vitrine que mais honram a medicina.
Essa é uma daquelas verdades inconvenientes que o currículo acadêmico não menciona: a guerra revela o que a medicina urbana tenta esconder — que cuidar é, antes de tudo, suportar.
A medicina real não é o cenário controlado da estação prática. É o caos.
E é no caos que a ética se separa da vaidade.
Quem passou por um campo de refugiados ou por um hospital de campanha em zona de bombardeio nunca mais fala de medicina com o mesmo brilho nos olhos. Não porque tenha perdido a esperança — mas porque aprendeu que esperança, em certos contextos, é luxo. Em Gaza, por exemplo, não há tempo para discursos. O que há é o menino mutilado de nove anos que segura a mão do médico e pergunta: “Eu vou sobreviver?”
Você consegue responder?
O drama da guerra não está apenas na geopolítica, nem nas imagens da TV. Está no que ela escancara sobre nós. Médicos acostumados a calcular carga horária, pontuação no ENARE e certificações internacionais, de repente, confrontados com o fato de que, na guerra, nenhum curso salva. Só a presença.
A medicina, ali, volta ao seu estado mais cru: alguém em sofrimento diante de alguém que pode aliviar — mesmo sem promessa de cura. E isso deveria bastar.
Não bastando, resta o espetáculo: o estudante que posta “resiliência” no feed, mas desaba no primeiro plantão pesado; o residente que se orgulha da própria “inteligência emocional”, mas entra em crise se não recebe um elogio por semana; o médico recém-formado que sonha com a prova de título, mas não consegue encarar um paciente terminal sem procurar apoio emocional no grupo do Telegram.
A medicina se sofisticou em tecnologia, mas se fragilizou em espírito.
E, talvez por isso, a guerra — por mais absurda que seja — ainda tenha algo a ensinar.
Esse é o plantão que ninguém quer.
Mas, no fundo, é o único que define quem realmente é médico — e quem apenas aprendeu a parecer.
Texto escrito por Pedro Henrique M. Braga
#05 - Maratonas e seus Limites: os Benefícios e os Riscos do Esforço Extremo
A corrida de longa distância se popularizou no Brasil, com quase 3 mil provas oficiais realizadas em 2024. Ao lado dos diversos benefícios à saúde, como melhora cardiovascular, controle glicêmico e fortalecimento muscular, surgem também os alertas sobre os impactos do esforço excessivo no organismo.
Durante uma maratona, o corpo passa por intensas respostas fisiológicas: o sistema cardiovascular aumenta drasticamente o bombeamento de sangue para oxigenar os músculos; o sistema respiratório acelera a troca gasosa; e o metabolismo alterna entre o uso de carboidratos e gorduras para manter a energia. A creatina quinase (enzima relacionada à energia muscular) e a troponina (indicadora de estresse cardíaco) costumam se elevar, revelando a sobrecarga sofrida. Já o cérebro entra em modo de alta performance, lidando com a dor e mantendo o foco mesmo com o avanço da fadiga.
No entanto, o estresse fisiológico prolongado também pode prejudicar. Há supressão temporária do sistema imune — conhecida como “janela aberta” — com maior risco de infecções nos dias seguintes à prova. Além disso, a recuperação completa, especialmente muscular, pode levar de 10 a 20 dias, a depender de fatores como condicionamento e qualidade do sono.
Outro ponto crítico é a síndrome do overtraining, um quadro de estafa física e mental que surge quando há excesso de treino sem recuperação adequada. Ela se manifesta por cansaço persistente, dores musculares prolongadas, insônia, irritabilidade, queda de rendimento e até alterações na frequência cardíaca em repouso.
Correr é um ato de superação. Mas, entre a linha de largada e a de chegada, o que sustenta o desempenho não é o excesso — é o equilíbrio. A ciência mostra que os maiores avanços acontecem quando o corpo é desafiado com inteligência, respeitando seus sinais e seus limites. O verdadeiro troféu é manter a saúde no percurso.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS
🫀Sistema cardiovascular:
Aumento da frequência cardíaca e do débito cardíaco: o coração chega a bombear até 6 vezes mais sangue por minuto.
Melhora da eficiência do coração: com o tempo, corredores desenvolvem uma frequência cardíaca de repouso mais baixa e maior capacidade de oxigenação.
🫁 Sistema respiratório:
Maior frequência e volume respiratório: os pulmões se expandem mais e com maior velocidade para garantir a troca gasosa eficiente.
Melhor aproveitamento do oxigênio (VO₂ máx): especialmente em atletas bem treinados.
🧠 Sistema neurológico e hormonal:
Aumento da tolerância ao desconforto: o cérebro atua no controle da dor, fadiga e foco durante a prova.
Liberação de endorfinas e cortisol: promovendo sensação de bem-estar e resposta ao estresse físico.
Supressão temporária de funções imunes: durante e após a corrida, há uma “janela de vulnerabilidade” às infecções.
🧬 Metabolismo energético
Maior uso de carboidratos e gorduras: o corpo alterna as fontes de energia dependendo da duração e intensidade.
Elevação de marcadores de estresse muscular e cardíaco: como creatina quinase e troponina, após esforço extremo.
🦵 Musculatura:
Microlesões nos músculos: geram dor pós-prova, mas também fazem parte da adaptação e fortalecimento.
Cãibras e fadiga muscular: indicam esgotamento energético ou desequilíbrio de eletrólitos.
🧊 Termorregulação:
Aumento significativo da temperatura corporal: o suor é o mecanismo natural de resfriamento.
Risco de desidratação ou hiponatremia: quando a reposição de líquidos e sais não é feita adequadamente.
Esses efeitos são esperados e, quando bem manejados, fazem parte da incrível capacidade de adaptação do corpo humano. Mas a chave está no equilíbrio: sobrecarga crônica ou negligência nos sinais de alerta pode trazer prejuízos sérios à saúde.
Associação Brasileira de Organizadores de Corridas de Rua (ABOCR)
Dra. Luciana Janot, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein
International Journal of Exercise Science (2017)
Exercise Immunology Review (2024)
New England Journal of Medicine (estudo sobre hiponatremia)
JAMA (Journal of the American Medical Association, 2023)
Texto escrito por Lumma David G. Souza
#06 - A não tão rara dicotomia teoria vs prática
Caro leitor, imagino que durante o seu curso ou durante o seu estudo para as provas de residência, você já deva ter pensado: “Será que é simples assim? Será que não tem mesmo tratamento? Que fácil!”.

Confesso que eu mesmo já pensei isso várias vezes, especialmente sobre o tema o qual brevemente discorrerei hoje: a tão falada e temida Bronquiolite Viral Aguda. Estamos chegando ao fim da tão falada sazonalidade, que em teoria vai até o mês de junho. E confesso que, em quase 4 meses de residência de pediatria, essa doença não para de me surpreender.
Chegando na residência, fiquei surpreso com bebês usando salbutamol (broncodilatador beta-2 adrenérgico de ação curta), amplamente utilizado no tratamento de doenças respiratórias obstrutivas como tratamento, já que estava engessado na mentalidade de provas, onde não se faz nada na bronquiolite. Mas, no fim, o que realmente importa é fazer o que for possível para salvar a vida daquela criança que está sob sua responsabilidade.
É impossível ter a noção do quão frágil é o limite entre uma doença leve e uma insuficiência respiratória aguda. Você tira o olho por alguns minutos e seu paciente está péssimo. Vou contar a experiência do meu último plantão noturno.
Na minha residência, o R1 dá o plantão noturno sozinho, e, como eu estou rodando na emergência agora, emendei o diurno com o noturno para fazer 24 horas. Ao mesmo tempo, tivemos três pacientes, todos com 2 meses de vida, que chegaram “cansados”, que é a forma que chamamos o desconforto respiratório. Numa rápida reavaliação, em diferentes momentos de evolução, foi decidido pela intubação orotraqueal, após tentar tudo o que era possível, todos os medicamentos que “não podem ser usados”, segundo o que estudamos. Mas por que tentar? Porque na prática dá certo. O que aconteceu nesse plantão noturno foi a raridade da raridade.
Lendo assim é difícil de acreditar, mas num cenário de guerra, com um punhado de crianças doentes pelo mesmo motivo, pela mesma doença que aterroriza até o mais valente, é necessário tentar tudo para não perder seu paciente. Acho que, no fim, o que quero dizer é: talvez seja necessário rever algumas abordagens teóricas de temas/doenças prevalentes. Claro que todos queremos passar numa residência médica, mas temos que lembrar que após a aprovação vem a vivência, vem a surpresa das condutas “não convencionais”. E convenhamos, é melhor ser não convencional e resolutivo do que teórico e hesitante.

Autor: Dr. Pedro A. Gonçalves — Médico Residente (R1) em Pediatria.
🔚 Fechamento da Edição
Em todos os textos reunidos nesta edição, uma mesma linha se desenha sob diferentes formas: a tensão entre o ideal e o real, entre a medicina que aprendemos e a medicina que vivemos. Das trincheiras da Primeira Guerra Mundial aos corredores de um hospital esvaziado pela escassez, dos bastidores da seleção brasileira à UTI lotada de recém-nascidos com bronquiolite, emergem versões distintas — e igualmente legítimas — do ofício médico.
A medicina não cabe nos PowerPoints das aulas, nos fluxogramas de conduta ou nos protocolos de guideline. Ela pulsa nas zonas cinzentas, onde o conhecimento encontra a incerteza, onde a técnica precisa se dobrar à urgência, e onde a ética é constantemente colocada à prova.
Ao virar esta última página, fica o convite: repensar não apenas o que estudamos, mas o que escolhemos defender quando o estetoscópio está no pescoço — e a realidade, diante dos nossos olhos.
Obrigado por nos acompanhar até aqui.
Nos vemos na próxima edição.
Com respeito, ciência e reflexão,
Bem-vindo ao futuro do aprendizado em Medicina!

Estamos construindo uma comunidade onde o conhecimento é compartilhado, atualizado e acessível para todos. O Projeto 12 é mais do que um jornal; é a sua aliada na jornada de se tornar um médico preparado para enfrentar os desafios da profissão.


